A estrada mal recapada atravessava um enorme labirinto formado por ruelas de piçarras que davam acesso à uma ruma de refinarias e bombas coletoras de petróleo que papocavam a cada curva.
Cabras. Era só o que se via por toda parte. Como se o caminho para o paraíso precisasse ser calcado por dúvidas e sofrimento. Uma resistência filha da puta aquela que se mostrava nas cabras, sobreviventes em um lugar tão agreste e tão ermo. Nem o ar se movia.
O asfalto grosso que fervia os pneus do carro nos levou, graças a truncadas orientações de dois matutos que nos surgiram na estrada tais como os cabras, a um fim de mundo onde quaravam, numa espécie de lagoa salgada, ondas espumantes e mal cheirosas.
Quando, de fato, nos encontrávamos no que só poderia ser a materialização do nada, e onde nada, nem mesmo o nada, nos surpreenderia, fomos forçados a dobrar os joelhos e reconhecer a pequenez da nossa imaginação. Um estacionamento, sem dono, sem cerca, sem guarita. No fim do mundo havia um estacionamento.
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