Em minha família cultivamos a tradição de criar certos apelidos para pessoas, situações, eventos insólitos, enfim para coisas que mereçam uma denominação além da que lhe compete sua acepção ordinária, habitual. Já demos novos nomes para pessoas, baseados geralmente em características físicas ou comportamentais. O professor de piano de minha filha, cujo nome permanecerá em sigilo, é de baixa estatura. Muito baixa mesmo, baixa o suficiente para chamar a atenção e para render-lhe um codinome: mini-kleiton (lembro que esse não é o verdadeiro nome). Mini-kleiton normalmente chega à escola de música após chegarmos, eu e minha filha, e, em pelo menos duas dessas ocasiões, conseguiu atravessar o hall de espera onde estávamos, sem que percebêssemos sua entrada. Acredito que ele passe sorrateiramente por debaixo de nossas pernas para imputar a nós a responsabilidade pelo atraso. Hora dessas piso no calo dele. É, ele tem um calo na cabeça.
Zélia Gatai, no divertido Códigos de Família, narra com competência infinitamente superior à minha, os códigos criados por sua família para as "coisas", assim como fazemos em minha casa.
Aqueles dias, normalmente nos finais de semana, dedicados ao empanturramento coletivo, são chamados de dias de porco. Ontem foi um desses, e pior, com menu internacional.
O dia começou com um legítimo brunch americano, feito por um americano, com direito a milkshake e o caralho (não literalmente, por favor). Lá pelas 14h30, fornidos de omeletes, torradas, e mais uma renca de coisas, partimos para um pequeno restô de amigos gaudérios. Em verdade o chef é um uruguaio bom entendedor de carnes e de como assá-las. Outra sova.
Como as leis da física não permitiram a sobreposição de dois ou mais corpos em um mesmo lugar do espaço, o lanche da noite foi encabulado: sopa com torradas. Mas o domingo, em seu saldo de gols, foi de porco. E porco dos grandes.
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