Corro a vista por três ou quatro garrafas de qualidade aceitável e escolho a mais barata, um Cabernet argentino. Apanho uma coca-cola de dois litros para as crianças e no balcão de salgados peço meia dúzia de pães de queijo. Estranho quando a balconista me pergunta, já ensacando meu pedido, se é para beber. Mas em segundos ela esclarece: – quando pede assim pouquinho é para criança. Então percebo que não era para beber e sim para bebê. Que culpa a minha.
Meu vinho é recebido como o destaque da noite, e guardado para ser servido após aquelas tantas garrafas de vinhos comuns. Todos, com exceção de um Marcus James malandrão, melhores que o meu.
O menu, aberto por rodadas de fondue, com intervalos para manutenção das traquitanas de cocção, é fartamente deglutido pelos confrades. Quando à altura dos serviços de sobremesa, meu vinho é aberto, não sem antes sofrer com a falta de habilidade no manuseio do saca-rolhas cibernético, e passo, então, a saborear uma taça do mesmo, evitando qualquer daquelas viadagens de avaliar a lágrimas do vinho, seu bouquet ou qualquer dessas merdas que o valha. Achei péssimo. Me levantei com a taça nas mãos, fui até a cozinha, derramei seu conteúdo na pia e, após um rápido jato d'água, enchi com a boa, velha e infalível coca-cola.
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